08 julho 2010

Hot hot hot


Já vim aqui me lamentar do frio de rachar, que quase congelou nossos corações a 20 graus a baixo de zero...E agora, hora de reclamar do calor. Sim, eis que escolhemos essa ilha do lado de cá que bagunça o termômetro e faz questão de atingir os dois extremos!. Oh God! Já não sei se prefiro congelar aos -20 ou derreter aos 42...ou mais. Essa semana o calor bateu recordes por aqui – sim, deve ser novamente ele, o aquecimento global – que bate, ou melhor, invade nosso cotidiano. Insuportável, é apenas essa palavra que resume o que tem sido esses últimos dias (hoje até tem um ventinho, mas o termômetro está há algumas horas nos 32...Uma amiga viu um senhor cair morto no meio da rua (sim, morto – em 2006 – 40 pessoas morreram de calor por aqui). Vi várias pessoas desmaiadas, o metro é o lugar onde isso mais acontece...Também, se está 42 graus no termômetro, a sensação térmica é muito maior sem falar que aqui é mais úmido que Florianópolis (sim, isso é possível!!). Tente imaginar que delícia que está na cidade subterrânea, onde circulam os metrôs... Na terça, a Fox em um de seus telejornais foi até o Central Park, aquele lugar lindo, cheio de árvores e lagoas. Lá colocaram uma frigideira no chão e quebraram um ovo...sim, ele fritou!!! E é assim que nos sentimos por aqui, fritos!!!





Só assim a Pink está aguentando...dentro de casa anda com uma toalha molhada no corpinho pra refrescar... Na terra do cachorro quente, é bom não arriscar :)

28 junho 2010

Torre de Babel - existem milhares, tudo depende do seu ponto de vista

Nesses dias de Copa, Nova York tem me lembrado o Granville . Morei nesse – que era um dos maiores condomínios de Floripa – em 94 e 95. Achava ele a maior Torre de Babel, com estudantes do Brasil inteiro. Durante a temporada de futebol era possível ouvir os gritos.... Lembro que alguns dias acordava com os festejos de algum fanático...

Por aqui é assim também... Seja Alemanha, México, Portugal, Brasil, Costa do Marfim...ou um os outros 64 países que participam da Copa, sempre tem algum nativo vibrando ou chorando.

Outra Torre de Babel...adoro também como esse conceito tem se “expandido” na minha vida... Lembro de ter pensado nele quando aconteciam os Joguinhos Escolares, dos quais participei durante alguns anos...Participavam times de toda a cidade (Brusque)....

http://fineontheotherside.bitacoras.com/img/115_3.jpg


14 junho 2010

Da série: isso me fascina!


Toda segunda-feira meu silêncio é interrompido pelo barulho do aspirador de pó. É o dia que as meninas (2) que dão uma geral no prédio aparecem por aqui...Na primeira vez que as vi, passei o dia pensando, já que a cena foi inusitada.
Elas estacionaram na frente do prédio uma caminhonete Mercedes Benz, que no Brasil custaria algo em torno de 100 mil reais – acredito – se é que existe lá esse modelo novíssimo; tiraram de dentro um aspirador de pó high tech – esses de mão mesmo, mas todo brilhoso, um pote de paninhos umedecidos (desses que se vendem aos milhões e com todos os cheirinhos por aqui)...e só. Deixaram o salto na porta e começaram o trabalho – aspiraram o carpet de três pisos e passaram o paninho nos corrimãos ....uma hora cravada e elas já aceleravam em direção ao próximo cliente. Cada uma faturou 50 dólares a hora....
As reflexões e comparações, deixo pra vocês...eu aqui na próxima hora vou queimar mais algum fosfato, irritar meus neurônios, ganhar alguns cabelos brancos e pensar mais um pouco...

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNt8zaK2Pn_XAFWlCVGn6gdIXK4mP4Yg8Z-ry1rtu-3KS_LvgLJ8e0WcI6czx6QGEdwWvoejvfTZaE2K2Pd79pQwOWoaps8aCAGVZnGPzkybdg_vnubEUwOYyBYLBVYPW2wgkMkOusF80/s400/2008.mercedes.benz.gl550.jpg
...era um modelinho básico, mais ou menos como esse...

28 maio 2010

Spring, o retorno do calor humano!

Aqui estou eu, depois de uma longa primavera que ainda não acabou... Peguei férias de algumas coisas nos último 20 dias. Mãe e sogra estavam na ilha, reconhecendo o terreno onde os filhos vivem. E eu, virei turista...Já que moro onde todos passam férias resolvi passear mais do que o convencional. Sempre que não tinha trabalho me esperando, colocava a havaiana e ia passear. Em três semanas, apenas 1 (UM) dia choveu!!! Impressionante e delicioso. Nessas três semanas a temperatura variou do 0 (zero) grau aos quase quarenta... E as flores sempre nos acompanharam nessas caminhadas! Adoro o jeito que deixam a ilha de cá florida! A impressão é que todos os dias de manhã cedinho colocam as florzinhas para enfeitar nossos caminhos! A cidade está linda! Sim, ainda está suja, mas florida...Nos últimos dias principalmente, quando o calor chegou de verdade, parece que todos resolveram sair para a rua pra tirar o cheiro de mofo e aquele branco translúcido que toma conta do corpinho. E na falta de praia, todos se jogam nos parques de biquinis, sungas... E o sorriso – que quase desaparece das faces no dolorido inverno – também retoma. As pessoas até voltam a dizer Bom Dia!!!! Ok, não na muvuca da muvuca, onde a boa educação passa longe. Mas aqui perto de casa (diga-se de passagem que quem habita esses lados são os latinos – da turma dos pobres mas felizes), conseguimos receber sorrisos … Nesses dias de sol lindo e calor a flor da pele, espirrei no meio da rua – e ouvi 3 (sim, TRÊS) Salud – Thank God!

11 maio 2010


Mil por hora...


Sempre que chego aqui tenho que justificar a ausência, que essa vez deve ter batido recorde. É que a vida está à mil por hora, mesmo. Já falei que o tempo na ilha de cá parece que passa mais rápido? Essa é a sensação de todo mundo que mora aqui! Ontem mesmo estava falando disso com uns amigos...os dias voam, as semanas e os meses, mais ainda. De repente já é ano que vem, incrível. Ainda não sei realmente o verdadeiro motivo. Talvez a quantidade de coisas a fazer, de informação a ingerir, de obrigações na listinha do "to do". E assim, quando eu vejo já fiquei mais de um mês sem escrever uma palavra no blog...

Enfim, só pra resumir alguns dos motivos que me deixaram fora do blog nesse último mês, aqui vão algumas fotos:

Relembrando os anos 80 e a fase adolescente, lá fomos nós para o show do A-ha. Dizem eles que será o último show da carreira. No Nokia Theater... O Morten Harket está mais novo do que há 20 anos...



Cobrindo o Tribeca Film Festival...Robert De Niro em um dos 300 cliques que fiz...


Cobrindo o show do Rei Roberto no Radio City Hall...

Caetano no Terminal 5
Mas esse mês teve ainda: cobertura da visita do presidente do Irã, Obama esteve falando para banqueiros sobre a reforma econômica, mancha de óleo do sul do país (à beira do maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos), ameaça de bomba - vários alarmes de bomba, Talibãs atacando NYC, discussões sobre o plano nuclear, reunião do FMI, Guido Mantega e Henrique Meirelles no Brazil Summit...e agora mãe e sogra chegaram na ilha. Dá pra entender porque o tempo aqui tem outra velocidade?



08 abril 2010

Olhando de lá!

Aterrizando na Ilha de lá, meu coração borbulha pela lagoa do Peri!


Atrasadíssima e com milhões de coisas pra escrever. É assim que me sinto. Estou há dias querendo escrever sobre minha ilha de lá, da qual cheguei há mais de uma semana. Passei apenas 12 dias em Floripa, os dias nunca voaram tão rápido. Encontrei grandes amigos, pude deitar no colo da família amada que tanto faz falta por aqui e me deliciei com meus cartões postais prediletos. A lagoa, o Campeche, a beira mar... Mas meu parecer sempre tem que ser separado das emoções, assim fica melhor. Acredite! Então uma análise rápida de quem ficou um ano e um mês longe da Ilha da Magia. Pode parecer lugar comum, mas o trânsito está, sim, pior! No dia que cheguei ouvi na CBN uma entrevista onde a Polícia Militar dava um exemplo (o meu exemplo): dizia que quem antes saía do Campeche às 7 da manhã para chegar ao trabalhos às 8, agora precisa sair às 6:30. Isso mostra que tudo piorou meia-hora!!! Um horror, é carro que não acaba mais. Da Lagoa ao Estreito – ao meio dia – levei uma hora e meia! Um caos, pior, sem solução a curto prazo. Outro parecer: achei tudo SUPER caro...Acreditem, em Manhattan paga-se menos do que na Lagoa da Conceição por um almoço. Em alguns lugares (leia-se Ponta das Caranhas) tive a impressão de ser assaltada...aliás, quando veio a conta foi quase um sequestro relâmpago onde meu cérebro foi capturado e devolvido alguns minutos depois e deixou sequelas, claro!

Uma bolinha de sorvete na Parmalat R$ 8,50!!!! Com esse valor compro aqui um pote enorme da Häagen-Dazs...

E ainda, Manhattan é famosa pelo mau atendimento em restaurantes....alguém se habilita a acrescentar algo? Quanta coisa temos em comum....

Enfim, isso são só alguns detalhes que me saltaram os olhos... Mas, como sempre, é uma delícia estar aí, poder respirar esse ar e dividir momentos com quem tanto amo!!! See you soon, friends!


12 março 2010

Aqui sim, Amigo Bicho

http://www.spartanburgspark.com/wp-content/uploads/2009/07/Tompkins_Square_Big_Dog_Run1.JPG


Adoro a maneira como o pessoal vê os bichinhos de estimação do lado de cá, creio que seja principalmente em Nova York que impere essa mentalidade. Já que dizem que a população deles aqui é a maior de todas em índices por habitantes. Sim, refletem também a solidão dessa população de 8 milhões de pessoas que vivem se sentindo sozinhas. Aqui o melhor amigo é sim o cachorro, o gato, o coelho, o ferret...enfim. Mas se por um lado reflete um sentimento que poderia ser negativo, por outro mostra que o ideal está muito perto para nossos amigos peludos. Há casos sim de abusos, violência, maus-tratos. Mas queridos, são casos isolados, que vêm a público no maior alarde. Viram capas de jornais, manchetes de TV e a justiça SEMPRE é feita e de uma maneira nada amena! Muito diferente da nossa realidade daquela ilha de lá, onde presenciei, reportei, xinguei, berrei e NADA aconteceu...

PARÊNTESES – Foram casos de donos queimando filhotinhos, batendo com sarrafo em cães, furando olhos, enforcando em árvores, abandonando.....o que aconteceu com os donos??? Provavelmente estão soltos, agora no estágio de violentar crianças!

Olhem só, aqui não há animal solto na rua, abandonado. Isso não é o ideal? Calma, tem mais...Os parques, ah... os parques...TODOS são para o bel-prazer deles. Há espaços em cada parquinho para soltarmos nossos amigos, que interagem com dezenas de peludos de espécies diferentes, na maior paz!!! A Pink já brincou com alguns Pit Bulls...Ela é nervosa, digamos que a mais mal educada por aqui, já que todos são muito bem treinados e bem amistosos. Enfim, o espaços de cães são lindos de ver, sempre me emociono...Chihuahua brincando com Weimeraner, São Bernardo se enroscando com um Lulu da Pomerânia e os Pit Bulls lambendo todos os outros. Adoro principalmente um desses espaços na Washington Square, que é enorme. Olhe as fotos: http://www.pbase.com/hjsteed/wsp_dog_runs

Mas se isso não bastasse, ainda tem mais. Aqui é comum poder levar os dogs para trabalhar com a gente. Num escritório que vou com frequêcia sempre me deparo com alguns, não, não são só os minúsculos que tem essa regalia. Esses dias encontrei um Collie, saindo do trabalho com seu dono. De manhã cedo também vejo executivos todos chiques pegando ônibus ou metro com seu amiguinho na bolsa ou na colera...ADORO!!! Nos anúncios de emprego também é comum a indicação “animal friendly", que quer dizer que você vai poder levar o peludo para o trabalho!! Não é o máximo? Pena que as coletivas que eu vou ainda não são “dog's friendly"... É que o que não podemos negar é a sinceridade dos nossos bichinhos...Imagine se eu levo a Pink – que já é nervosa por naturea - para a coletiva da Zélia Cardoso de Melo?


02 março 2010

Rebolation

Estou há muito tempo para escrever algo sobre minha academia, ou melhor, minha torre de Babel que visito para fazer exercícios. Pago 20 dólares por mês, posso ir todos os dias, quantas horas quiser...Fico pensando que há mais de ano, pagava mais de 100 reais para desfrutar de bons momentos na Racer (academia de Floripa). Desde que cheguei aqui vou na mesma academia que, aliás, é só para mulheres!!! No começo fiquei meio intrigada e cheguei a pensar em desistir... Olhava para os lados e pensava: Nossa, acho que esse lugar engorda... Mas refleti mais e contando que estamos no país do fast food, deve ser normal...Imaginem se elas não fossem na academia? Não estou falando em pneuzinho, mas de obesidade mórbida. Sei que é um problema nacional, problema de saúde pública e não, não estou fazendo piada e nem sou preconceituosa! Mas vamos ao que mais interessa: Hoje fiquei sentada nos equipamentos de musculação assistindo de camarote a uma aula de algo que poderíamos chamar de um rebolation multi-cultural. E bota multi-cultural nisso. Pra vocês terem uma idéia, aqui não tem nada de desfile de moda, nem desfile de corpos semi-nus na academia...Poderia até falar em desfile de moda, visto que encontramos modelítos indianos, árabes, chineses, japoneses e até algo mais justo – usado pela turma da nossa América Latina.

A aula era de free-dance conduzida por um latino-americano cheio do rebolado. Nossa ele é ótimo, faria o povo do tchan babar... A sala tinha mais de 50 mulheres, de todas cores, todos os formatos, todas as nacionalidades e todos os tamanhos. Nessa aula até as indianas tiram aqueles lenços coloridos (sim, elas pedalam na bicicleta com eles – acho até perigoso, imagina se tranca no pedal), as muçulmanas deixam de lado as burcas (idem, do exemplo anterior), as asiáticas esquecem que sempre riem baixinho e assim como todas as outras esquecem qualquer mundo exterior e se entregam ao rebolation. É uma espécie de terapia em grupo, onde não há lugar para nenhuma repressão. O som é salsa e merenge (que todos acham que dançamos também no Brasil). No último volume. Mais de 50 mulheres. Contei nos dedos umas 20 nacionalidades – tinha até a americana :)! Longe do olhar exterior aí foi criado um universo só delas, e olha, sem olhares repressores, sem preocupações mundanas, o rebolation era a palavra de ordem e reunia o mundo, cada uma com seu requebrado. Para muitas, essa era a primeira vez que se entregavam a uma dança onde "solte o corpo e balance muito a bunda, pra lá, pra cá, pra cima e pra baixo..."As “mulheres do oriente” olhavam com admiração o requebra das latinas... e tentavam fazer igual, uma grande festa, que terminou em gargalhadas...

...que foram diminuindo aos poucos a medida que burcas voltaram a cobrir muitas faces.


25 fevereiro 2010

Quem é selvagem?

Foto tirada no parque aquático de Miami, em 2005 - A Orca da foto é a fêmea Lolita. Segundo o site Orca Home, ela é a orca mais velha mantida em cativeiro no mundo. Está há 40 anos nesse dora de seu habitat natura. Há um movimento de ONGs americanas para a liberação da Lolita.



O assunto por aqui hoje – claro além da reforma da saúde, dos recalls da Toyota, e da tempestade de neve – é a morte da treinadora do SeaWorld. O debate não poderia ser mais polêmico e aqui venho eu depor em favor da baleia, claro!!! O ser humano ultrapassa a barreira do bom senso quando tenta domesticar o selvagem por natureza ou mesmo o desconhecido, poderíamos falar assim. Os shows são lindos, atraem milhares de pessoas, é emocionante. Preciso admitir que já fui em um em Miami, chorei como uma criança vendo golfinhos e baleias em seus rodopios. Até hoje não sei se chorei pela beleza do show ou de tristeza por aquelas pobres criaturas.
Quem merece viver num tanque se existe um oceano à disposição? Quem merece fazer showzinho em troca de peixes quando – provavelmente, pois elas – as baleias – não me disseram, – a caça faz parte do dia, da lei da sobrevivência, dos desafios para se sentir vivo? Aí, precisa um incidente como esse pra levantar o debate. Precisa uma baleia vir contra um humano, o contrário nunca é levado em conta!
Bom, os zoológicos são os maiores exemplos... Para pessoas são chamados de prisão, mas para animais têm um nome mais bonitinho e ficam lá a disposição dos sorrisos humanos. Até hoje nunca esqueço – sim já fui em muitos zoológiocos – o olhar de um gorila que vive enjaulado no zoo do Bronx. Nunca vi um olhar tão triste na minha vida, de quem queria dizer “Eu não fiz nada, não fui julgado e perdi minha liberdade". Quem tem esse direito?


ASPAS
“Confinar um animal de 5,5 toneladas em uma piscina é equivalente a confinar uma pessoa de 68 quilos em uma banheira de hidromassagem para o resto da vida”, afirmou ao G1 por e-mail a advogada Joyce Tischler, uma das fundadoras do Fundo de Defesa Legal dos Animais, que atua nos EUA.

Para Susan Berta, ativista da Rede Orca, que também atua nos EUA, é impossível manter orcas em cativeiro sem que elas sofram. “Na natureza elas nadam entre 120 a 160 quilômetros por dia e são fortemente ligadas a grupos sociais. Cada comunidade tem sua própria cultura, incluindo dieta, linguagem, tradições e comportamentos”.

17 fevereiro 2010

A psicodélica Califórnia



Por quatro dias deixei o leste e fui em busca de um calorzinho na Califórnia. San Francisco das cores mil, dos movimentos culturais, da arquitetura vitoriana, do Pacífico, do Google, do Alcatraz, da comida deliciosa e das pontes em arcos me recebeu de braços abertos. Depois de muito tempo – cinco meses talvez – pude tirar o casaco ao ar livre. Muitas vezes tive que colocá-lo depressa, ok, quando cai a noite, o vento úmido – que lembra nosso vento sul de Floripa – arrepia os corações e acabamos tendo que tirar da bolsa toda aquela parafernália usada aqui no leste: luvas, gorros, protetor de orelha, cachecol...Mas só sentir o sol esquentando a blusa preta durante a tarde me permitiu a fotossíntese... Uma delícia!
Andei, andei e andei mais ainda pelas ruas onde muito aconteceu: o movimento hippie começou na cidade na década de 60, a irreverência do movimento literário dos beat também, sem falar no movimento gay. Tudo isso, toda essa vontade pela liberdade de pensar, agir e sentir a gente respira em San Francisco – que além de tudo é o padroeiro dos animais! Eles – os animais – também têm mais direitos por aqui, passeiam dentro de lojas, bares...aliás, a cidade é cheia de chihuahuas, lindos, cheios de roupas coloridas e colares brilhantes – como seus donos!

Porém, uma das coisas que me chamou a atenção foi a quantidade de pessoas morando na rua, pedindo dinheiro ou qualquer coisa. Incrível! Nova York tem muitos sem teto, mas não há comparação!!! Acho que nem no Brasil tem tantos moradores de rua, num lugar só! Pesquisando um pouco descobri que eles são a herança também desses movimentos que a cidade guarda consigo – ao contrário do Brasil, onde a maioria dos mendigos tiveram apenas essa escolha (ou melhor, não têm escolhas), em San Francisco quem está pelas ruas de uma forma ou de outra, escolheu estar lá. Foram em busca das loucuras que a cidade oferecia durante a década de 60 e nunca mais voltaram de suas viagens, vivem pacíficamente, uns cantam para tentar um troco, outros expressão suas artes de outras maneiras...Muitos acima dos 60, 70 anos... Aquele povo enlouquecido que vimos nos filmes da época, continua lá, ainda vivendo o movimento...


08 fevereiro 2010

Quem é normal? O que é normal?

Não gente, não troquei de ilha, não fui para uma ilha deserta sem conexão de internet, nem computador...ainda estou por aqui apesar do grande vácuo entre as postagens... é engraçado, sempre que estou no metro ou ônibus, penso em mil assuntos que deveria virar um texto aqui do blog... Mas o problema é que ainda não inventaram nada que tire a ideias da cabeça e coloque num leitor de memória que vai direto ao blog....Serei obrigada a ligar para o Mr. Jobs...bem que ele poderia comprar essa ideia e fazer o mais rápido possível esse Ieasylife. Seriam tantas histórias...Por exemplo, voltando a minha fonte de inspiração, o ônibus: vocês não têm noção da quantidade de gente que fala sozinha nessa cidade – NÃO! Eles não estão com mini fones de ouvido falando ao celular, já procurei muito, e não achei nada!!! Falam sozinhos, com si só, ou sei lá se é com algo do além, mas inacreditável! Acho que todos esses malucos têm o mesmo horário que eu, pegam o mesmo ônibus, estão do meu lado o tempo inteiro...quem sabe querendo me enlouquecer também. Um amigo disse que talvez eles esteja treinando inglês, com eles mesmos...dentro do ônibus, em alto e bom tom? Acho que não....não sei se é a loucura da cidade que enlouquece todos, se é a tão famosa solidão que dizem imperar no meio da multidão, ou se é algo mais conjuntural, não sei....Só sei que reúno episódios de vários capítulos. Teve um dia, que dentro de um ônibus – claro - , um cidadão até me deu medo....Falava alto, metade em inglês, metade em espanhol...sim os loucos daqui são bilingues....E o papo entre ele e ele mesmo era sobre a guerra do Iraque – que não sei se ele foi, mas parecia. Perguntava pra ele mesmo – em inglês - quem seria o próximo a morrer e ele detalhava – em espanhol – qual seria o plano de ataque, como usar a arma, … e isso ele berrava dentro do ônibus...O mais engraçado que por aqui tem a famosa subway masks (não é a da Gripe A, ok?)... Quando as pessoas estão dentro do ônibus ou metrô, meio que olham para o além, e fazem de conta que nada está acontecendo...

Mas dessa vez, quando ele saiu, as máscaras caíram e todos caíram nas gargalhadas... Ainda não sei se essa loucura é motivo de riso ou não...acho que talvez seja mais uma herança que o país que sempre está envolvido em guerras deixa para gerações. Vide o número de amputados que encontro diariamente (muitos e muitos jovens dos seus 20 e poucos anos), acho que esses que falam consigo mesmo trouxeram todo o corpo de volta e mais alguns fantasmas que os rodeiam...

[falando+sozinho.jpg]

Esse é um texto sobre Subway masks, que saiu no NYT:

http://www.nytimes.com/2009/10/25/opinion/25sun4.html?_r=1&scp=1&sq=subway%20mask%20baby&st=cse

26 janeiro 2010

Cidade Perdida

Depois do post do Haiti, fico até sem vontade de escrever sobre as boas coisas daqui. Parece não ter sentido falar das belezas, da cultura, das comidas, com tanta gente precisando de qualquer coisa...a cada imagem vejo mais momentos tristes vindos de lá, vividos por aquelas pessoas, enfim... O que mais tenho pensado nos últimos dias é como deveria ser um fenômeno como esse há centenas de anos, sem comunicação, sem campanhas internacionais, sem acesso a nada. Fácil uma civilização inteira desaparecer diante de tamanha desgraça...

Beach in Haiti

Picture from a Beach in Haiti.

Enfim, mas como todos os meios de comunicação estão falando no Haiti, prometo fixar minha âncora novamente nessa ilha de cá...E amanhã tem mais!


15 janeiro 2010

Pense no Haiti, reze pelo Haiti!!!! E por todos os outros...

Difícil pensar em outra coisa nessa semana. Aquela ilha tão pobre, que já precisava de tanto, que era tão longe e que se tornou tão perto. A todo momento é impossível não se emocionar com cada imagem, cada notícia, cada resgate, cada suspiro. Não há comida, não há água, não há conforto e famílias inteiras foram mortas. Pensei muito nas pessoas que conheci do Haiti, que estavam de passagem por Nova York no ano passado e retornam, não tenho mais contato. O que aconteceu com elas? Acredito que essa pergunta ecoa ao redor do mundo das mentes daqueles que um dia já cruzaram com alguém de lá. Gostava de conversar com amigos do Haiti e da República Dominicana, ilha dividida por culturas completamente diferentes, por línguas diferentes. E que não gostam, inclusive, de dizer que compartilham uma ilha...Nunca entendi o por quê.


No ano passado lembro que passei horas vendo fotos da missão da ONU no Haiti, naturalmente já parecia ter passado um terremoto, naquela ilha caribenha que quase não tem árvores. Sim, a destruição intensiva das florestas que um dia existiram, tornou o país tão cinza e completamente devastado em todos os sentidos. Um amigo, que é fotógrafo da ONU, contou muitas histórias da ajuda humanitária, do povo, das necessidades, que agora são infinitamente maiores.


Seria impossível acontecer num lugar pior do que lá, repeti isso várias vezes, e disse ontem, quando estava numa mesa multicultural. Um amigo da República do Chade parou um instante. Ele é exilado político aqui e pouco depois falou: Darfur. Calei. Ruanda, continuou. Estive nesses dois lugares, disse ele. E eu fiquei muda, só pensando. Sim, o problema crônico de gente que não tem nada, nem esperança, ultrapassa nossa noção de informação. Me senti sem saber nada dessa vida, pensei.... O que era pra ser apenas uma força de expressão me levou além, sim, as gente vive numa ilha particular e não olha além, apesar de ler todo dia tudo sobre o mundo.


Pra pensar:
* O Haiti teve as florestas derrubadas, o meio ambiente devastados.

*Veja o filme Hotel Ruanda

*Lembrei também que Zimbábue é o país mais triste do mundo de acordo com uma pesquisa. Você sabe por que?

assista:
http://video.nytimes.com/video/2010/01/13/world/americas/1247466532047/haitis-legacy-of-environmental-disaster.html

10 janeiro 2010

Em forma de um boneco de gelo!


Notei que nos textos anteriores acabei falando mais bem dessa ilha do que da outra. Sim, me proponho a fazer comparações, mas que fique claro que quero fazê-las não com a emoção, mas sim com a razão. Como uma forma de me proteger, acho que é isso, tenho tendência a olhar todo os dias o lado bom dessa nova vida, sem pensar muito em tudo que deixei pra trás. Que foi MUITA coisa, principalmente amigos, família, o emprego, o Campeche...enfim! Mas, queridos, quando a temperatura ultrapassa os dois dígitos no negativo, fica muito difícil não pensar naquela água de côco na beira da praia que vocês todos devem estar desfrutando. Cada vez que falo com alguém aí ou que recebo um email, a primeira frase que ouço ou leio é: Nooooooossssa, aqui está MUITO quente. Não consigo lembrar se falava isso há um ano, quando estava ai... Acho que o frio já congelou meus neurônios. Sim, claro, não poderia ser diferente. Esse é o inverno mais frio dos últimos 30 anos por aqui e olha, está um horror. Hoje pensei que iria perder os dedos do pé, por exemplo. Estava com duas meias e mesmo assim não deu jeito. Na volta pra casa comprei uma daquelas botas de esquimó, afinal estou me sentindo um. Ou será que me sinto uma cebola, são tantas camadas... Já nem mais sei o que me sinto, tamanho o frio. A luva não dá conta, as três calças e as seis blusas também não. Mais a toca, o protetor de orelha... Dói os ossos na face, sabe aqueles pontos que mostram nas propagandas de remédios de sinusite, sinto eles latejarem. Sem falar nos dias de neve...mas isso conto depois senão o texto vai ficar muito grande e vocês vão parar de ler :)...

Enfim, estou com saudade daquele vento sul que me arrepiava de frio e que eu tanto reclamava ... Santa inocência, era apenas uma brisa.

Só pra saberem: hoje a temperatura chegou a -16 graus Celsius, mas pelo que vi amanhã de manhã estará apenas -10...


07 janeiro 2010

Como é bom!

Fico particularmente impressionada, e por que não dizer encantada, com algumas liberdades que temos do lado de cá. Ontem, depois de pegar um metrô e um ônibus comecei a refletir. Primeiro, que delícia é ter alguém para dirigir pra ti e te deixar em casa, na porta de casa, não ter que se preocupar em lugar para estacionar, abastecer, pagar IPVA...essas coisas. Como em toda história de amor, sim, aqui não tem como não fazer comparações. Poder depender do transporte público, além de ser ecologicamente correto, não tem preço. Mas isso foi apenas a primeira reflexão, a segunda acho ainda importante, pois nos pega naquele aspecto que é o direito de ir e vir das pessoas, coisa que no Brasil, perdemos em muitos lugares, em muitos horários...Explico: no metrô e no ônibus fiquei observando o que distrai as pessoas nessa volta para casa do trabalho. Poucos ainda são adeptos do livro de papel e do jornal (bom, o jornal às 7 da noite já estava mais do que velho), mas muitos tinham seus brinquedinhos à disposição. E-books, netbooks, notebooks, Iphones, outros smartphones, Ipods (e todos os outros Iqualquercoisa), máquinas fotográficas, jogos eletrônicos... Por um lado podíamos dizer que as pessoas estão cada vez mais compenetradas na tecnologia, mas eu como brasileira digo: é muito bom andar com tudo à mostra sem ter medo, poder estar no ônibus escutando meu Ipod, navegando na internet pelo celular e conferindo as fotos na máquina fotográfica. Sem medo de alguém entrar no ônibus e matar todos mundo para roubar os trocos do dia ou ter o pescoço cortado fora por causa de um Ipod.. Isso foi um dos motivos que me fez trocar de ilha. A nossa Ilha da Magia (graças a Deus) ainda está bem longe de ser um local perigoso, assustador...Mas minha janela do carro não ficava mais aberta depois das 9 da noite. Andar de ônibus com os aparelhinhos??? Bom primeiro que desisti de andar de ônibus em Floripa, o meu itinerário Campeche– Morro da Cruz iria depender de três ônibus e muitas horas... Enfim, nossos queridos políticos brasileiros poderiam aproveitar suas viagens internacionais, pagas com o nosso dinheiro, para pelo menos copiar bons exemplos. Nem peço que sejam criativos, copiem apenas, já é o bastante.

Lembrei também que esses dias, na sala de aula, um professor perguntou qual a melhor e a pior coisa de Nova York. Eu respondi sem pensar: a melhor é a segurança!!!! Minha amiga japonesa também não pensou duas vezes e disse: pra mim a pior é a insegurança.... Será que vou ter que trocar de ilha novamente???


Foto carinhosamente chupada do álbum do Dudu, outro fã do transporte coletivo

06 janeiro 2010

Enfim, o início!

Esse blog faz parte das resoluções que pretendo colocar em prática em 2010...Até que não demorou muito...Foram até agora apenas seis dias desse ano 10...Estou há quase um ano em Nova York, já vivi muito por aqui e senti falta de compartilhar momentos e desafios. Mas queria amadurecer a idéia do que queria como blog... Agora acho que já está na minha cabeça. Além de mostrar um pouquinho do que é viver nessa grande e mágica cidade, o que mais quero é falar das diferenças culturais que encontramos por aqui. São 180 nacionalidade que fazem de Nova York um mundo único. 45 milhões de turistas por ano...Difícil imaginar, né? E eu que achava que Floripa ia afundar...Nada como expandir os horizontes...

E vamos lá, aos poucos, vou dividindo meu novo mundo. Uma ilha muito mais gelada, mas fervendo em emoções!


Em alguns ângulos, relembramos Floripa...Aqui é a Manhattan Bridge, vista da Brooklyn Briedge...Ok, as duas passam carro, nenhuma está interditada há anos por risco de despencar. Mas olha só, a Manhattan Bridge ficou fechada por 18 anos - entre 1986 e 2004 - para ter a estrutura recuperada. É, mesmo assim, foi bem mais rápido que a Hercílio Luz, que desde de 1982 fechou para tráfego pesado...e completamente, desde de 1991.