25 fevereiro 2010

Quem é selvagem?

Foto tirada no parque aquático de Miami, em 2005 - A Orca da foto é a fêmea Lolita. Segundo o site Orca Home, ela é a orca mais velha mantida em cativeiro no mundo. Está há 40 anos nesse dora de seu habitat natura. Há um movimento de ONGs americanas para a liberação da Lolita.



O assunto por aqui hoje – claro além da reforma da saúde, dos recalls da Toyota, e da tempestade de neve – é a morte da treinadora do SeaWorld. O debate não poderia ser mais polêmico e aqui venho eu depor em favor da baleia, claro!!! O ser humano ultrapassa a barreira do bom senso quando tenta domesticar o selvagem por natureza ou mesmo o desconhecido, poderíamos falar assim. Os shows são lindos, atraem milhares de pessoas, é emocionante. Preciso admitir que já fui em um em Miami, chorei como uma criança vendo golfinhos e baleias em seus rodopios. Até hoje não sei se chorei pela beleza do show ou de tristeza por aquelas pobres criaturas.
Quem merece viver num tanque se existe um oceano à disposição? Quem merece fazer showzinho em troca de peixes quando – provavelmente, pois elas – as baleias – não me disseram, – a caça faz parte do dia, da lei da sobrevivência, dos desafios para se sentir vivo? Aí, precisa um incidente como esse pra levantar o debate. Precisa uma baleia vir contra um humano, o contrário nunca é levado em conta!
Bom, os zoológicos são os maiores exemplos... Para pessoas são chamados de prisão, mas para animais têm um nome mais bonitinho e ficam lá a disposição dos sorrisos humanos. Até hoje nunca esqueço – sim já fui em muitos zoológiocos – o olhar de um gorila que vive enjaulado no zoo do Bronx. Nunca vi um olhar tão triste na minha vida, de quem queria dizer “Eu não fiz nada, não fui julgado e perdi minha liberdade". Quem tem esse direito?


ASPAS
“Confinar um animal de 5,5 toneladas em uma piscina é equivalente a confinar uma pessoa de 68 quilos em uma banheira de hidromassagem para o resto da vida”, afirmou ao G1 por e-mail a advogada Joyce Tischler, uma das fundadoras do Fundo de Defesa Legal dos Animais, que atua nos EUA.

Para Susan Berta, ativista da Rede Orca, que também atua nos EUA, é impossível manter orcas em cativeiro sem que elas sofram. “Na natureza elas nadam entre 120 a 160 quilômetros por dia e são fortemente ligadas a grupos sociais. Cada comunidade tem sua própria cultura, incluindo dieta, linguagem, tradições e comportamentos”.

17 fevereiro 2010

A psicodélica Califórnia



Por quatro dias deixei o leste e fui em busca de um calorzinho na Califórnia. San Francisco das cores mil, dos movimentos culturais, da arquitetura vitoriana, do Pacífico, do Google, do Alcatraz, da comida deliciosa e das pontes em arcos me recebeu de braços abertos. Depois de muito tempo – cinco meses talvez – pude tirar o casaco ao ar livre. Muitas vezes tive que colocá-lo depressa, ok, quando cai a noite, o vento úmido – que lembra nosso vento sul de Floripa – arrepia os corações e acabamos tendo que tirar da bolsa toda aquela parafernália usada aqui no leste: luvas, gorros, protetor de orelha, cachecol...Mas só sentir o sol esquentando a blusa preta durante a tarde me permitiu a fotossíntese... Uma delícia!
Andei, andei e andei mais ainda pelas ruas onde muito aconteceu: o movimento hippie começou na cidade na década de 60, a irreverência do movimento literário dos beat também, sem falar no movimento gay. Tudo isso, toda essa vontade pela liberdade de pensar, agir e sentir a gente respira em San Francisco – que além de tudo é o padroeiro dos animais! Eles – os animais – também têm mais direitos por aqui, passeiam dentro de lojas, bares...aliás, a cidade é cheia de chihuahuas, lindos, cheios de roupas coloridas e colares brilhantes – como seus donos!

Porém, uma das coisas que me chamou a atenção foi a quantidade de pessoas morando na rua, pedindo dinheiro ou qualquer coisa. Incrível! Nova York tem muitos sem teto, mas não há comparação!!! Acho que nem no Brasil tem tantos moradores de rua, num lugar só! Pesquisando um pouco descobri que eles são a herança também desses movimentos que a cidade guarda consigo – ao contrário do Brasil, onde a maioria dos mendigos tiveram apenas essa escolha (ou melhor, não têm escolhas), em San Francisco quem está pelas ruas de uma forma ou de outra, escolheu estar lá. Foram em busca das loucuras que a cidade oferecia durante a década de 60 e nunca mais voltaram de suas viagens, vivem pacíficamente, uns cantam para tentar um troco, outros expressão suas artes de outras maneiras...Muitos acima dos 60, 70 anos... Aquele povo enlouquecido que vimos nos filmes da época, continua lá, ainda vivendo o movimento...


08 fevereiro 2010

Quem é normal? O que é normal?

Não gente, não troquei de ilha, não fui para uma ilha deserta sem conexão de internet, nem computador...ainda estou por aqui apesar do grande vácuo entre as postagens... é engraçado, sempre que estou no metro ou ônibus, penso em mil assuntos que deveria virar um texto aqui do blog... Mas o problema é que ainda não inventaram nada que tire a ideias da cabeça e coloque num leitor de memória que vai direto ao blog....Serei obrigada a ligar para o Mr. Jobs...bem que ele poderia comprar essa ideia e fazer o mais rápido possível esse Ieasylife. Seriam tantas histórias...Por exemplo, voltando a minha fonte de inspiração, o ônibus: vocês não têm noção da quantidade de gente que fala sozinha nessa cidade – NÃO! Eles não estão com mini fones de ouvido falando ao celular, já procurei muito, e não achei nada!!! Falam sozinhos, com si só, ou sei lá se é com algo do além, mas inacreditável! Acho que todos esses malucos têm o mesmo horário que eu, pegam o mesmo ônibus, estão do meu lado o tempo inteiro...quem sabe querendo me enlouquecer também. Um amigo disse que talvez eles esteja treinando inglês, com eles mesmos...dentro do ônibus, em alto e bom tom? Acho que não....não sei se é a loucura da cidade que enlouquece todos, se é a tão famosa solidão que dizem imperar no meio da multidão, ou se é algo mais conjuntural, não sei....Só sei que reúno episódios de vários capítulos. Teve um dia, que dentro de um ônibus – claro - , um cidadão até me deu medo....Falava alto, metade em inglês, metade em espanhol...sim os loucos daqui são bilingues....E o papo entre ele e ele mesmo era sobre a guerra do Iraque – que não sei se ele foi, mas parecia. Perguntava pra ele mesmo – em inglês - quem seria o próximo a morrer e ele detalhava – em espanhol – qual seria o plano de ataque, como usar a arma, … e isso ele berrava dentro do ônibus...O mais engraçado que por aqui tem a famosa subway masks (não é a da Gripe A, ok?)... Quando as pessoas estão dentro do ônibus ou metrô, meio que olham para o além, e fazem de conta que nada está acontecendo...

Mas dessa vez, quando ele saiu, as máscaras caíram e todos caíram nas gargalhadas... Ainda não sei se essa loucura é motivo de riso ou não...acho que talvez seja mais uma herança que o país que sempre está envolvido em guerras deixa para gerações. Vide o número de amputados que encontro diariamente (muitos e muitos jovens dos seus 20 e poucos anos), acho que esses que falam consigo mesmo trouxeram todo o corpo de volta e mais alguns fantasmas que os rodeiam...

[falando+sozinho.jpg]

Esse é um texto sobre Subway masks, que saiu no NYT:

http://www.nytimes.com/2009/10/25/opinion/25sun4.html?_r=1&scp=1&sq=subway%20mask%20baby&st=cse