26 janeiro 2010

Cidade Perdida

Depois do post do Haiti, fico até sem vontade de escrever sobre as boas coisas daqui. Parece não ter sentido falar das belezas, da cultura, das comidas, com tanta gente precisando de qualquer coisa...a cada imagem vejo mais momentos tristes vindos de lá, vividos por aquelas pessoas, enfim... O que mais tenho pensado nos últimos dias é como deveria ser um fenômeno como esse há centenas de anos, sem comunicação, sem campanhas internacionais, sem acesso a nada. Fácil uma civilização inteira desaparecer diante de tamanha desgraça...

Beach in Haiti

Picture from a Beach in Haiti.

Enfim, mas como todos os meios de comunicação estão falando no Haiti, prometo fixar minha âncora novamente nessa ilha de cá...E amanhã tem mais!


15 janeiro 2010

Pense no Haiti, reze pelo Haiti!!!! E por todos os outros...

Difícil pensar em outra coisa nessa semana. Aquela ilha tão pobre, que já precisava de tanto, que era tão longe e que se tornou tão perto. A todo momento é impossível não se emocionar com cada imagem, cada notícia, cada resgate, cada suspiro. Não há comida, não há água, não há conforto e famílias inteiras foram mortas. Pensei muito nas pessoas que conheci do Haiti, que estavam de passagem por Nova York no ano passado e retornam, não tenho mais contato. O que aconteceu com elas? Acredito que essa pergunta ecoa ao redor do mundo das mentes daqueles que um dia já cruzaram com alguém de lá. Gostava de conversar com amigos do Haiti e da República Dominicana, ilha dividida por culturas completamente diferentes, por línguas diferentes. E que não gostam, inclusive, de dizer que compartilham uma ilha...Nunca entendi o por quê.


No ano passado lembro que passei horas vendo fotos da missão da ONU no Haiti, naturalmente já parecia ter passado um terremoto, naquela ilha caribenha que quase não tem árvores. Sim, a destruição intensiva das florestas que um dia existiram, tornou o país tão cinza e completamente devastado em todos os sentidos. Um amigo, que é fotógrafo da ONU, contou muitas histórias da ajuda humanitária, do povo, das necessidades, que agora são infinitamente maiores.


Seria impossível acontecer num lugar pior do que lá, repeti isso várias vezes, e disse ontem, quando estava numa mesa multicultural. Um amigo da República do Chade parou um instante. Ele é exilado político aqui e pouco depois falou: Darfur. Calei. Ruanda, continuou. Estive nesses dois lugares, disse ele. E eu fiquei muda, só pensando. Sim, o problema crônico de gente que não tem nada, nem esperança, ultrapassa nossa noção de informação. Me senti sem saber nada dessa vida, pensei.... O que era pra ser apenas uma força de expressão me levou além, sim, as gente vive numa ilha particular e não olha além, apesar de ler todo dia tudo sobre o mundo.


Pra pensar:
* O Haiti teve as florestas derrubadas, o meio ambiente devastados.

*Veja o filme Hotel Ruanda

*Lembrei também que Zimbábue é o país mais triste do mundo de acordo com uma pesquisa. Você sabe por que?

assista:
http://video.nytimes.com/video/2010/01/13/world/americas/1247466532047/haitis-legacy-of-environmental-disaster.html

10 janeiro 2010

Em forma de um boneco de gelo!


Notei que nos textos anteriores acabei falando mais bem dessa ilha do que da outra. Sim, me proponho a fazer comparações, mas que fique claro que quero fazê-las não com a emoção, mas sim com a razão. Como uma forma de me proteger, acho que é isso, tenho tendência a olhar todo os dias o lado bom dessa nova vida, sem pensar muito em tudo que deixei pra trás. Que foi MUITA coisa, principalmente amigos, família, o emprego, o Campeche...enfim! Mas, queridos, quando a temperatura ultrapassa os dois dígitos no negativo, fica muito difícil não pensar naquela água de côco na beira da praia que vocês todos devem estar desfrutando. Cada vez que falo com alguém aí ou que recebo um email, a primeira frase que ouço ou leio é: Nooooooossssa, aqui está MUITO quente. Não consigo lembrar se falava isso há um ano, quando estava ai... Acho que o frio já congelou meus neurônios. Sim, claro, não poderia ser diferente. Esse é o inverno mais frio dos últimos 30 anos por aqui e olha, está um horror. Hoje pensei que iria perder os dedos do pé, por exemplo. Estava com duas meias e mesmo assim não deu jeito. Na volta pra casa comprei uma daquelas botas de esquimó, afinal estou me sentindo um. Ou será que me sinto uma cebola, são tantas camadas... Já nem mais sei o que me sinto, tamanho o frio. A luva não dá conta, as três calças e as seis blusas também não. Mais a toca, o protetor de orelha... Dói os ossos na face, sabe aqueles pontos que mostram nas propagandas de remédios de sinusite, sinto eles latejarem. Sem falar nos dias de neve...mas isso conto depois senão o texto vai ficar muito grande e vocês vão parar de ler :)...

Enfim, estou com saudade daquele vento sul que me arrepiava de frio e que eu tanto reclamava ... Santa inocência, era apenas uma brisa.

Só pra saberem: hoje a temperatura chegou a -16 graus Celsius, mas pelo que vi amanhã de manhã estará apenas -10...


07 janeiro 2010

Como é bom!

Fico particularmente impressionada, e por que não dizer encantada, com algumas liberdades que temos do lado de cá. Ontem, depois de pegar um metrô e um ônibus comecei a refletir. Primeiro, que delícia é ter alguém para dirigir pra ti e te deixar em casa, na porta de casa, não ter que se preocupar em lugar para estacionar, abastecer, pagar IPVA...essas coisas. Como em toda história de amor, sim, aqui não tem como não fazer comparações. Poder depender do transporte público, além de ser ecologicamente correto, não tem preço. Mas isso foi apenas a primeira reflexão, a segunda acho ainda importante, pois nos pega naquele aspecto que é o direito de ir e vir das pessoas, coisa que no Brasil, perdemos em muitos lugares, em muitos horários...Explico: no metrô e no ônibus fiquei observando o que distrai as pessoas nessa volta para casa do trabalho. Poucos ainda são adeptos do livro de papel e do jornal (bom, o jornal às 7 da noite já estava mais do que velho), mas muitos tinham seus brinquedinhos à disposição. E-books, netbooks, notebooks, Iphones, outros smartphones, Ipods (e todos os outros Iqualquercoisa), máquinas fotográficas, jogos eletrônicos... Por um lado podíamos dizer que as pessoas estão cada vez mais compenetradas na tecnologia, mas eu como brasileira digo: é muito bom andar com tudo à mostra sem ter medo, poder estar no ônibus escutando meu Ipod, navegando na internet pelo celular e conferindo as fotos na máquina fotográfica. Sem medo de alguém entrar no ônibus e matar todos mundo para roubar os trocos do dia ou ter o pescoço cortado fora por causa de um Ipod.. Isso foi um dos motivos que me fez trocar de ilha. A nossa Ilha da Magia (graças a Deus) ainda está bem longe de ser um local perigoso, assustador...Mas minha janela do carro não ficava mais aberta depois das 9 da noite. Andar de ônibus com os aparelhinhos??? Bom primeiro que desisti de andar de ônibus em Floripa, o meu itinerário Campeche– Morro da Cruz iria depender de três ônibus e muitas horas... Enfim, nossos queridos políticos brasileiros poderiam aproveitar suas viagens internacionais, pagas com o nosso dinheiro, para pelo menos copiar bons exemplos. Nem peço que sejam criativos, copiem apenas, já é o bastante.

Lembrei também que esses dias, na sala de aula, um professor perguntou qual a melhor e a pior coisa de Nova York. Eu respondi sem pensar: a melhor é a segurança!!!! Minha amiga japonesa também não pensou duas vezes e disse: pra mim a pior é a insegurança.... Será que vou ter que trocar de ilha novamente???


Foto carinhosamente chupada do álbum do Dudu, outro fã do transporte coletivo

06 janeiro 2010

Enfim, o início!

Esse blog faz parte das resoluções que pretendo colocar em prática em 2010...Até que não demorou muito...Foram até agora apenas seis dias desse ano 10...Estou há quase um ano em Nova York, já vivi muito por aqui e senti falta de compartilhar momentos e desafios. Mas queria amadurecer a idéia do que queria como blog... Agora acho que já está na minha cabeça. Além de mostrar um pouquinho do que é viver nessa grande e mágica cidade, o que mais quero é falar das diferenças culturais que encontramos por aqui. São 180 nacionalidade que fazem de Nova York um mundo único. 45 milhões de turistas por ano...Difícil imaginar, né? E eu que achava que Floripa ia afundar...Nada como expandir os horizontes...

E vamos lá, aos poucos, vou dividindo meu novo mundo. Uma ilha muito mais gelada, mas fervendo em emoções!


Em alguns ângulos, relembramos Floripa...Aqui é a Manhattan Bridge, vista da Brooklyn Briedge...Ok, as duas passam carro, nenhuma está interditada há anos por risco de despencar. Mas olha só, a Manhattan Bridge ficou fechada por 18 anos - entre 1986 e 2004 - para ter a estrutura recuperada. É, mesmo assim, foi bem mais rápido que a Hercílio Luz, que desde de 1982 fechou para tráfego pesado...e completamente, desde de 1991.