17 fevereiro 2010

A psicodélica Califórnia



Por quatro dias deixei o leste e fui em busca de um calorzinho na Califórnia. San Francisco das cores mil, dos movimentos culturais, da arquitetura vitoriana, do Pacífico, do Google, do Alcatraz, da comida deliciosa e das pontes em arcos me recebeu de braços abertos. Depois de muito tempo – cinco meses talvez – pude tirar o casaco ao ar livre. Muitas vezes tive que colocá-lo depressa, ok, quando cai a noite, o vento úmido – que lembra nosso vento sul de Floripa – arrepia os corações e acabamos tendo que tirar da bolsa toda aquela parafernália usada aqui no leste: luvas, gorros, protetor de orelha, cachecol...Mas só sentir o sol esquentando a blusa preta durante a tarde me permitiu a fotossíntese... Uma delícia!
Andei, andei e andei mais ainda pelas ruas onde muito aconteceu: o movimento hippie começou na cidade na década de 60, a irreverência do movimento literário dos beat também, sem falar no movimento gay. Tudo isso, toda essa vontade pela liberdade de pensar, agir e sentir a gente respira em San Francisco – que além de tudo é o padroeiro dos animais! Eles – os animais – também têm mais direitos por aqui, passeiam dentro de lojas, bares...aliás, a cidade é cheia de chihuahuas, lindos, cheios de roupas coloridas e colares brilhantes – como seus donos!

Porém, uma das coisas que me chamou a atenção foi a quantidade de pessoas morando na rua, pedindo dinheiro ou qualquer coisa. Incrível! Nova York tem muitos sem teto, mas não há comparação!!! Acho que nem no Brasil tem tantos moradores de rua, num lugar só! Pesquisando um pouco descobri que eles são a herança também desses movimentos que a cidade guarda consigo – ao contrário do Brasil, onde a maioria dos mendigos tiveram apenas essa escolha (ou melhor, não têm escolhas), em San Francisco quem está pelas ruas de uma forma ou de outra, escolheu estar lá. Foram em busca das loucuras que a cidade oferecia durante a década de 60 e nunca mais voltaram de suas viagens, vivem pacíficamente, uns cantam para tentar um troco, outros expressão suas artes de outras maneiras...Muitos acima dos 60, 70 anos... Aquele povo enlouquecido que vimos nos filmes da época, continua lá, ainda vivendo o movimento...


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